terça-feira, 29 de abril de 2014

Sete Dias Sobre o Castigo do Astro Rei / By: Eddy Khaos


SETE DIAS SOBRE O CASTIGO DO ASTRO REI

A mais de três meses fortes chuvas vêm assolando o mundo. Alguns países asiáticos sucumbiram perante ao poder de enormes tsunamis que encobriram varias cidades portuárias e não portuárias as transformando em cemitérios submersos. Alguns místicos e religiosos afirmavam que eram as lagrimas de Deus que escorriam por sua face ao ver o rumo que sua criação seguiu.
E o mundo começou a chamar as fortes chuvas que não cessavam de o novo dilúvio. Aqui no Brasil a chuva não estava causando tanta destruição como o que ocorria com outros países, mas era visível a falta de paciência da população em geral quando tinham que enfrentar pontos de alagamentos por toda a cidade. Mas em uma manha de domingo, as chuvas simplesmente desapareceram, o sol brilhava radiante céu acima. O mundo festejava o fim das chuvas que ceifaram um numero incontável de vidas mundo a fora.

“Primeiro dia”

O domingo estava fantástico, o astro rei brilhava céu acima, as pessoas andavam alegremente pelas ruas de São Paulo, Um grande relógio digital próximo a estação de trem Barueri marcava a temperatura de 30 graus, o sol estava mesmo de rachar. Mas se comparado aos quase quatro meses de chuvas que caíram destruindo tudo esse forte calor era até bom. A noite não demorou a chegar. Já era por volta da 10h da noite quando resolvi ligar o televisor para relaxar um pouco. Não estava conseguindo dormir devido ao forte calor. Um repórter apareceu anunciando casos estranhos que estavam deixando cientista de cabelos em pé. O jornalista prosseguiu em estado frenético.
“As fortes chuvas que castigavam o mundo desapareceram misteriosamente, mas com este desaparecimento súbito, veio uma forte onda de calor inexplicável, que ate o exato momento só tem aumentado. Eventos como pessoas entrando em combustão tem amedrontado a população europeia onde os primeiros causos foram noticiados. No Brasil não houve nenhum caso deste gênero, mas vários idosos de um asilo localizado na vila Formosa morreram devido á forte temperatura. Em uma maternidade em Campo Limpo no interior de São Paulo sete recém nascidos também faleceram, e os indícios são as fortes temperaturas. A agencia de saudade brasileira pede a todos que procurem ao máximo se protegem das fortes temperaturas com protetores solares e que consumam muito liquido para manterem o corpo bem hidratado.”
Mau o jornalista terminou de dar as noticias e eu já havia adormecido.

“Segundo dia”

Acordei sobre o barulho irritante de meu velho despertador. Eram oito horas da manhã, estava derretendo de tanto calor, suava como um porco velho, pelo jeito hoje será outro dia calorento. Tomei um banho gelado e vesti uma roupa leve, tomei um pouco de café requentado e comi um resto de pizza que estava na geladeira do dia anterior. Do lado de fora de meu edifício o calor estava de matar, passei como de costume na banca de jornal do senhor Manuel Domingues um velho amigo de minha mãe. Comprei um “Diário popular” as noticias que estampavam a matéria principal do jornal, falava sobre a forte onda de calor que não parava de aumentar. E sobre um grande encontro de cientistas vindo de vários cantos do mundo que estava ocorrendo em Paris.
Não demorei muito a chegar ao meu local de trabalho. A empresa onde eu trabalhava fica apenas a meia hora de caminhada de onde eu morava. Ao chegar encontrei Marília, a bela recepcionista que acenava para mim. Olhei para o relógio da recepção, observei o termômetro logo abaixo do relógio digital na parede que marcava 37 graus. Meu deus! Esse calor não para de aumentar! Pensei.

“Terceiro dia”

Depois de um dia estressante provocado pela forte temperatura, cheguei em casa e tomei um belo de um banho gelado e procurei relaxar um pouco. Na televisão nada passava de interessante, a maioria das emissoras falavam sobre o clima e especulavam teorias sobre o que estava acontecendo. Não conseguia dormir. Resolvi terminar a leitura do livro “Dias Contados” que havia ganhado de presente da bela Marília. Virei à noite lendo os contos de vários escritores que compunham aquela bela obra literária, que falava sobre o fim do mundo. Já era por volta da seis da manhã quando terminei a leitura do livro. Fui para o banheiro para tomar aquele banho gelado, para meu desamino faltava água em meu bairro naquela manhã e pelo jeito não havia água nem na caixa do edifício. Puta que pariu. Faltar água num calor dos infernos desses. Irritado liguei o televisor, a tão falada reunião dos maiores cientistas do mundo já estava em seu termino. Um repórter anunciava o veredito da reunião.
“Depois de discutirem muito e comparem seus estudos, as maiores mentes da terra chegaram ao veredito, que foi dado pelo cientista brasileiro Miguel Nicolelis. A comunidade cientifica mundial nunca confirmou as ditas profecias sobre o fim do mundo. Porém, agora uma nova descoberta reforçou as ditas profecias dos maias que apontavam o fim para o dia 21 de dezembro de 2012. Há algum tempo a previsão de uma grande tempestade solar no ano 2012 foi prevista por um grupo renomado de cientistas. Nossas teorias se confirmaram, mas não havíamos conseguido especificar qual seria a data desta tempestade. E é com muito pesar que informo que o mundo que conhecemos sucumbira nos próximos dias, sendo atingido por fortes tempestades solares que irão consumir tudo em seu caminho. O grande astro rei, conhecido como Sol sofreu uma grande explosão em seu núcleo central que lançou onda de calor por toda imensidão do espaço. Que logo alcançaram a Terra. Que Deus tenha piedade de nossas almas!”
Desliguei a TV em estado de choque! Não acreditava no que acabara de ouvir.

“Quarto dia”

Era difícil de acreditar que o mundo encontraria seu fim em poucos dias. Não demorou muito para o planeta entrar em um estado caótico. E a sombra da morte encobriu todas as grandes nações. O noticiário a todo o momento falava sobre suicídios em massa de fanáticos religiosos. A população saqueava lojas e supermercados, a policia tentava manter a ordem nas ruas, não durou muito tempo e acabaram se unindo à multidão. Empresas fecharam as portas. No Japão, Estados Unidos, Rússia, Israel e diversos outros países, estavam em estado de emergência, pois as caldeiras das usinas espalhados em suas cidades não estavam conseguindo manter o resfriamento necessário em seus geradores. Se a situação continuar assim logo tudo irar pelos ares. Havia conseguindo estocar bastante água e comida, a qualquer momento minha namorada Marília iria chegar. Iríamos pensar juntos no que fazer para nos mantemos vivos...

“Quinto dia”

O meu relógio de pulso marcava 40 graus. Agora além da falta de água, a energia também acabara. Para piorar a situação um grupo armado saqueou meu apartamento, para ser mais preciso devem ter saqueado todo o edifico durante a madrugada. Levaram quase todo o alimento que eu havia estocado exceto por alguns pacotes de bolacha que não encontram. Conhecia um dos ladrões, seu nome era Carlos um ex-policial que morava no andar de cima. Graças a Deus que não nos fizeram mau, mas minha querida Marília ainda tremia muito, assustada com o que ocorrerá.
Um forte tremor que durou cerca de nove minutos fez o prédio estremecer. Olhei pela janela entre as cortinas protegendo minha vista, o cenário que visualizava me lembrava um antigo filme que assistira há muito tempo atrás, chamado “Mad Max.”.
Carros em chamas, corpos espalhados por todos os lados, edifícios em ruínas. O céu havia assumido um tom multicolorido, uma mistura de vermelho, amarelo, e laranja. Ouvi um grito vindo da cozinha. Corri ate o local e encontrei Marília caída no chão, pálida, parecia estar tendo uma crise de asma e não conseguia respirar. Corri ate a sala e peguei em sua bolsa sua bobinha salvadora. E depois de alguns minutos ela ficara bem.

“Sexto dia”

Meu Deus o calor estava insuportável, meu relógio marcava 110 graus sentia a pele borbulhar. Marília estava passando mal novamente sua bombinha havia acabado. O calor infernal que nos açoitava atacara ferozmente sua asma. Minha amada não conseguia respirar, sai desesperado pelo edifico vasculhando os apartamentos vazios, a procura de algo que pudesse ajudá-la, mas nada encontrei além de corpos. Retornei rapidamente para meu apartamento, mas já era tarde, Marília estava morta. Abraçado ao seu corpo gélido e sem vida chorei em silencio. Acho que eu era a única pessoa viva nesse prédio. Coloquei o corpo de Marília sobre a cama e a cobri com um lençol branco. Ela parecia uma princesa adormecida sobre o feitiço de uma bruxa malvada a espera de seu príncipe encantado para despertá-la com um beijo. Mas esse conto de fadas não teve final feliz.

“Setimo dia”

O suprimento de água havia acabado e não tinha mais nada para comer. A garganta seca, o corpo ardia em brasa, minha pele borbulhava, tinha a sensação que meu corpo estava coberto por chamas invisível, sentia uma dor insana, não sobreviveria por muito tempo.
Tudo começou a tremer, o edifício não resistiria a esses fortes tremores. Com muita dificuldade desci os oito andares ate o hall de entrada do edifício, por onde avistei, mas corpos caídos em estado de decomposição.
Que irônico o mundo foi criado em sete dias pelo Deus criador e hoje completa exatamente sete dias sobre o castigo do astro rei.
Corri para saída, ao abrir a porta fui envolvido por uma onda de calor destrutiva, levantei a cabeça para o céu e meus olhos arderam em chamas. Não sentia mas dor! Não senti, mas nada. Apenas a escuridão a me envolver. Era meu fim e o fim da raça humana.

http://eddy-khaos.blogspot.com.br/

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